quarta-feira, março 08, 2006

BLA…BLÂ, BLÁ,..blablablablaaaa…BLA !


Segundo o funcionalismo, o manifesto, a expressão individual não é muito mais que o resultado dos mecanismos criadores da forma social, das ferramentas impostas. A paixão é por subtracção, um resultado da acção da sociedade e sua expressão.
Consideremos então, substituir o funcionalismo por, digamos, um dinamismo construtivista, seguido da seguinte forma: a construção da personalidade, identidade do indivíduo, seria não só o resultado da colisão entre as acções exteriores e o núcleo primordial da sua existência, mas também, o resultado da acção das emoções e reacções criadas pelo indivíduo ao que o rodeia.
A força geradora da identidade depositada na sociedade, estaria compreendida também ao individuo, e toda a sua re/acção seria da mesma forma que a outrem, um movimento gerador de identidade. O sistema social seria a possibilidade do movimento de todas as emoções próprias a cada indivíduo. As ferramentas à disposição, seriam adaptações heterogéneas do uso das mesmas, cada pessoa seria o resultado não do crescimento da personalidade inicial mas sim, um metabolismo de sentimentos, emoções e suas acções sobre os espaços habitados.
A unidade existencial fragmenta-se infinitesimalmente. O teorema causa/ consequência, é substituído por causa/causa/causa…….
Como concluir, o que nos unifica como um conjunto activo, identificativo de uma sociedade ou de um grupo social no tempo, talvez seja, não o substantivo do sistema que nos possui mas sim, as emoções que cada um de nós partilha num confronto com o mesmo. A emoção é intenção, em quantidade e união, o sentimento individual transforma-se em sociedade, o contrário ou a aspiração a tal, não é mais que um pseudónimo.

(desculpem lá………ainda não me surgiu um outro contributo mais apropriado a este espaço, o formato esfuma-se um pouco, mas espero fazer-me entender, parcialmente pelo menos)

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

As intersecções das descontinuidades - a falibilidade da comparação

Há um lugar nebuloso, atómico, onde as intersecções das descontinuidades dar-se-ão. Esse lugar não será um lugar e a sua substância não será mais do que a estrutura da ambiguidade, a relação com o intocável. Nesse perímetro de possibilidades, acontece o encontro das leituras. É aí que um mundo microscópico se autonomiza e se revela com muito dificuldade, ou melhor, com a sagacidade da persistência.
Com isto pretendo obter uma imagem do processo de encontro de duas obras ou de duas leituras, entendidas como se fossem várias rectas, como se fossem continuidades que se querem intersectadas. Essas continuidades possuem espaços vazios, descontínuos, e é nesses espaços vazios que ocorre a vizinhança, a adivinhação da proximidade. O lugar que não é lugar, pois trata de tempo e de modo, pode significar não a habitual característica ambivalente da correspondência entre autores – feita de reproduções, de simulacros em diapositivo – mas, antes, a interpretação apreendida nos negativos da matéria. É que não só de visibilidade se faz o comum, nem tão pouco se consegue deduzir com clareza e precisão suficientes esse tal espaço de semelhanças. Daí perder sempre o intuito de objectividade, aquele que tentar sumas aproximações ao evidente.


[a propósito do paralelismo das obras e suas leituras - Rorty e Orwell]
cf. Contingência, Ironia e Solidariedade, Richard Rorty (1989), capítulo 8, essencialmente.


Álvaro Seiça Neves

sábado, janeiro 21, 2006



http://www.flags.net/JAPA.htm


bandeira

regressou a lisboa depois do estrangeiro lhe ter avivado a beleza da comunidade e lhe ter feito esquecer as queimaduras da pátria. deixou o aeroporto num táxi passando na meia hora seguinte pelo terreiro do paço. ao parar num semáforo teve um esgar que lhe fez deslocar a cabeça para a esquerda. defrontou-se com a bandeira portuguesa e socalcou a memória na esperança de algo encontrar. percebeu naquela fracção de segundos que a bandeira constituía um elemento que nada lhe dizia. nada. não porque o exterior lhe renovara a dimensão do conceito. não porque acumulara devagarinho um sentimento antipatriótico. não. aliás. a bandeira norte-americana também nada lhe comunicava. no fundo. o que o aproximava mais ou menos daquele rectângulo esvoaçante feito de pano era a sua plasticidade. a sua grafia. daí adorar a bandeira do japão. daí adorar a bandeira do canadá.
a bandeira portuguesa era outra história. aquela combinação de padrões soava subitamente estranha. falsa. intensamente nula. lembrou-se então que já antes de abandonar o país sentia por vezes uma total indiferença por este símbolo. olhou para o semáforo e compreendeu o porquê da sua sensação. a monotonia das cores era precisamente a mesma.

e.e.

sábado, janeiro 14, 2006

previsão

viste as sondagens?
não. não ligo a isso.
não viste? com um ano de antecedência já garantem a vitória do jefferson.
ai sim? pois olha. sabes bem que eu não gosto nada de ir atrás dos outros como um cordeirinho. prezo muito o meu sentido de análise intelectual e reflexão política. mas: já agora: quem é que tinha a menor percentagem?
o johnson em coligação com o richardson. apenas 3.1 %!
ai é? pois olha. até te digo: até que já estava inclinada para eles. coitadinhos! 3.1%! onde é que já se viu? assim não se incentiva ninguém. valha-nos deus!

e.e.

quarta-feira, janeiro 04, 2006











poema espelho in revista folhas & outros ofícios nº11,
Grupo Poético de Aveiro, dezembro 2005

álvaro seiça neves