segunda-feira, março 01, 2004

cascalho sonâmbulo

entre cascalho e urros enchidos
toldava-se o chão da basílica

entre os dias da tarde
entrou um espasmo de Luz
que pisou todas as almas
arrefecendo diante daquele odor
de velas derretidas
a queimar caixões em ravina

na senda do divino
as mãos traçavam rotas de ruína
traçavam gelados clamores
imitando seus sonâmbulos vizinhos
e as pedras cindidas

entre balaustres e cornijas comidas
rolou um urro...
era Ele – o espasmo de Luz
em brasa em fogo raivoso
vomitando o cheiro de velas derretidas
e diante dos ajoelhados
rolou um urro...

acabara de pisar o cascalho
daquelas almas adormecidas.

Álvaro Seiça Neves


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