quarta-feira, março 23, 2005

Especulações Críticas Sobre Cinco Momentos da Música do Século XX

por António Pinho Vargas

Partindo de uma temática particular em cada um dos cinco momentos estas especulações críticas levantam hipóteses novas ou mesmo heterodoxas sobre a música do século XX.
Face às narrativas artísticas e ideológicas auto-construídas procura-se levantar alguns véus e propôr visões alternativas em relação aos discursos habituais.

António Pinho Vargas
www.antoniopinhovargas.com


Schoenberg-Stravinsky-Adorno-Webern: uma constelação psicológica complexa.
Análise das múltiplas relações entre os três compositores e o filósofo da nova música.


Culturgest
www.culturgest.pt

Conferências . 30 de Março . 18h30. Pequeno Auditório
Entrada Gratuita
Levantamento de senha de acesso, 30 minutos antes do início da sessão,
no limite dos lugares disponíveis

terça-feira, março 22, 2005

Comunicação e Poesia

por Álvaro Seiça Neves [Junho 2004]

Como nomear a fabulosa árvore sem morte sobre a qual, pássaros sonâmbulos, acordamos perpetuamente em atraso e adormecemos apressadamente em avanço?

Eduardo Lourenço in Tempo e Poesia 1.



1. Introdução

É objectivo deste ensaio proporcionar uma análise entre comunicação e poesia nos dias que correm. Estabelecer, tanto quanto possível, uma aproximação ao tema da Comunicação na sociedade actual e, posteriormente, propor a palavra poética como veículo de Comunicação supremo.

2. Comunicação

Com o advento, na última década, de uma série de novos meios de comunicação artificiais, o meio social sofreu tremendas alterações. Nasceu uma nova era, consubstanciada em produtos de grande difusão – internet, telemóvel, e outros derivados electrónicos.
De facto, a revolução electrónica que muitos escritores anteviram há mais de quarenta anos, como William S. Borroughs, Aldous Huxley, George Orwell, entre outros, chegou, em parte. A erupção de uma rede espalhada por todo o mundo e em todo o lado – a internet – possibilitou um maior e mais rápido acesso a um infindável conjunto de serviços. Especializados ou não, estes serviços constituem muito do nosso quotidiano. Não só a web mas, também, outros tipo de redes cibernéticas e malhas ópticas, corromperam, em certa medida, a forma de mediação do ser humano com os objectos em volta e consigo mesmo. Proliferam os sistemas de Multibanco, a televisão por cabo e tantas significações de conteúdo expansivo. Certo será dizer que a quantidade de informação com que nos debatemos é, sem dúvida, angustiante. Isto porque o Homem se vê cada vez mais compelido a se fragmentar em tanta vertigem de apelos, visuais e intelectuais, e, paralelamente, benéficos ou não. A quantidade de informação e alta velocidade a que fomos sujeitos não significa, contudo, qualidade. E, surpreendentemente, ou talvez não, a quantidade desqualificou o nosso habitat. Informação e comunicação, crescendo exponencialmente, significam tão-só a diminuição de si próprias. A matéria com que nos debatemos é sensível. Porém, não podemos deixar de expressar a reflexão constante a que nos obriga este fenómeno.
Vivendo numa sociedade de informação, o Homem vê-se perante a inviabilidade de escolher. Ou melhor, a liberdade aparente com que se confronta é substituída pela concreta prisão em que se vê mergulhado. Sociedade de desinformação, diríamos. Todos os meios a que tem acesso estão, desde logo, direccionados para um pré-visionamento concebido. A liberdade concedida é controlada e previamente seleccionada por um Maestro que nos mostra aquilo que Ele quer mostrar. Passa-se isto na televisão, na programação proposta aos telespectadores, nos noticiários (quando a câmara x regista o momento y em vez do momento z),... . O alcance do noticiário em directo desvirtua o olhar humano, ou antes, torna virtual um mundo tido como real. Daí para a navegação num tempo concebido totalmente em fundamentos paralelos – virtuais – resulta que se apressa o passo e se descortina o espaço relativo em que parece existir a imensidão cibernética. Levanta-se, portanto, a questão dos limites – os limites e as fronteiras. Mas neste caso, não nos suscita o tema tanta preocupação. O que importa reter é o excepcional condicionamento em que estamos inseridos, apesar da euforia reinante.
Mas, se queremos tratar de comunicação, teremos que averiguar outras variáveis. Edward T. Hall, no ensaio A Dimensão Oculta, estabelece relação entre Cultura e Comunicação. O espaço social e pessoal e a percepção pelo homem destes dois elementos levou à formulação de um termo – proxémia. Define o autor: "neologismo que criei para designar o conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço enquanto produto cultural específico."2. A comunicação, que surge como fundamento, justificação ou suporte da cultura e da própria vida, deriva numa força resultante de vários factores. O que é interessante retirar das suas análises, neste contexto, dado que a partir das investigações proxémicas chegou à conclusão que "indivíduos que pertencem a culturas diferentes, habitam mundos sensoriais diferentes"3, é o seguinte: "a própria percepção que o homem possui do meio circundante é programada pela língua que fala, exactamente como um computador."4. Deste postulado retiramos a noção de um homem preso ao seu organismo, preso ao seu aparelho vocal e dominando um espaço não visível que se afigura como uma limitação, a nível linguístico e a nível comunicativo. Discorramos sobre a nomeação das coisas, a linguagem e a auto-reflexividade latente, a interrogação necessária para questionar o estado inicial das coisas, e teremos a linha programática de Alberto Caeiro.
Estamos perante uma conjuntura que nos transporta para o imediato, para o controlo do indivíduo, para um sistema de comunicação, consequentemente, em ruína. O telemóvel iniciou, com maior frequência, uma deficiência que parecia oculta, ou menos explícita. O ser humano passou a falar, a falar em todo o lado, a toda a hora, para qualquer local, independentemente da distância e da margem geográfica. Inventara-se a telefonia. Sim, uma revolução indiscutível. Mas a portabilidade deste meio, a internet, as mensagens via e-mail, os chats e os fóruns de discussão, a "produção e transferência de mensagens"5 – no dizer de Gérard Leclerc – que se acelerou vertiginosamente, alterou de modo significativo a percepção da comunicação. O ser humano passou a falar, a falar incessantemente. Mas terá, porventura, passado a comunicar? Parece-nos que a resposta é soberanamente negativa. O ser humano encontra-se mais ausente, mais vazio, falando de tudo, mas sem nada para falar, acorrentado a um imaginário esgotado e empurrado para as grades da segregação social se assim não o fizer – se não falar, se não falar, se não falar interminavelmente... se não participar activamente no corrupio de nulidade total.
Assistimos a um crescente número de veículos com a finalidade de comunicação, quando, fruto do seu modus operandi, se revelam, eles mesmos, objectos de incomunicação.
Como é sabido, a incomunicação não é uma doença nem do final do séc. XX, nem de todo o séc. XX, nem de algum tempo ou lugar – é de sempre e de todo o lado. A realidade portuguesa não escapa entre as tenazes garras deste abismo incolor. Pactua, como todas as outras, onde a linguagem sonora ou silenciosa seja mediação. A Metamorfose, de Franz Kafka, símbolo desse vazio, dessa barreira entre os seres, sentido de universos distintos, demonstra fortemente a possibilidade desse constrangimento.
Passemos, pois, à relação entre Comunicação e Poesia.



3. Poesia

A palavra poética – sempre no limiar de si mesma – nos subtrai à dissolução, abrindo-nos de chofre as cem portas do Instante, nossa pátria ilimitada e natural.

Eduardo Lourenço in Tempo e Poesia 6.

Quando Franz Boas, Edward Sapir e Leonard Bloomfield estudaram as diferenças dos sistemas linguísticos – o indo-europeu, os índios da América e os esquimós –, perceberam a independência de cada sistema. Cada família linguística mostrava-se como um "sistema fechado com as suas próprias leis"7 – "O linguista devia, por conseguinte, evitar cuidadosamente projectar as regras implícitas da sua própria língua na língua estudada."8. Tentando efectuar um paralelismo com a Literatura e a sua Crítica, percebemos a pertinência da questão.
A Literatura tem o seu cânone estabelecido e remodelado ao longo dos anos. Quando algo não classificável aparece, a posição é, habitualmente, de exclusão ou integração moderada. O sistema literário constitui-se como um todo e não como uma frase gigante de sintagmas. O retalho, apesar de aliciante, não deveria ser apetecido. Não enquanto marginalização, enquanto rejeição pseudo-ponderada que elimine tudo o que não se ajuste ao anteriormente conhecido. O limite da Literatura é ela não ter limite. A fronteira, enquanto gaveta, proporciona o erro. É necessário, portanto, furar a Muralha de Tróia dos géneros e modos da Literatura e, mais especificamente, da poesia.
A Crítica, quando em presença de uma nova forma de arte – quer seja na música, nas artes plásticas, na dança ou na literatura –, deve evitar cair na tentação de projectar as regras das suas estruturas nas regras das estruturas estudadas. Queremos com isto explicitar o seguinte: o crítico deve, como o linguista, em certo sentido, quebrar as regras de estudo e análise anteriormente aplicadas para se lançar na criação de novas regras, procurando-as na estrutura do Texto desconhecido. Se a função do crítico, no âmbito da literatura, é tornar explícito aquilo que está implícito (segundo Harold Bloom), pressupõe-se que tente vislumbrar o implícito do novo texto em cada texto, procurando não recusar imediatamente mas sim compreender o processo do fazer.
Após esta digressão, convém centrarmo-nos no tema: Poesia. "Que linguagem pode servir à nomeação da realidade que somos senão aquela que por antonomásia já nos é devolvida como suprema Criação?" – pergunta Eduardo Lourenço. E a concentração da resposta concede-nos uma linha de acepção fulcral para o ensaio a que nos propomos – "É poeticamente que habitamos o mundo ou não o habitamos."9. A comunicação será uma apropriação do sentido da palavra, servida pela linguagem, e confrontada com a necessidade de uma distância de liberdade coerente. No âmago do estar, quer nos parecer sensato pensar num ambiente predominantemente poético, no espaço entreaberto da comunicação. "De um mundo submetido à divisão e à morte a palavra poética faz uma esfera que se reenvia de cada ponto o prodígio simultâneo das suas cintilações"10, acrescentamos, parafraseando Lourenço. Reforçamos a intenção de ver na palavra poética o acto etéreo de comunicação, de alheamento e expansão sensorial – "Só a palavra poética é libertação do mundo."11.
Confronte-se o primeiro capítulo – onde referenciámos as diferentes tipologias de vazio contemporâneo, decorrentes dos meios tecnológicos e da fabricação individual de uma consciência de massas – com o seu motivo expresso de compreender o fenómeno de incomunicação existente e com a expressão de Lourenço – "mastigação discursiva do mundo"12 – e combinaremos a súmula dos nossos propósitos. Confronte-se ainda: "O discurso do mundo não se encontra apenas corrigido ou voltado ao avesso. Encontra-se suspenso e ao mesmo tempo em estado de suprema aceleração."13. Inquietante, já que nos assimila de forma devoradora e acelerada.
O aprisionamento ao sistema comunicativo tornado homogéneo dispara em direcção a cada indivíduo – "Na mais idealista das filosofias nós continuamos ainda prisioneiros do mundo. E tanto mais prisioneiros quanto maior é a convicção de estarmos libertos."14, refere Lourenço.
Tencionámos, ao aproximar o carácter da Poesia do da Comunicação, reagir contra este influxo de nevralgia adormecida em que vive a sociedade. Neste momento frágil de glaciação ardente, o intuito não é definir a Poesia contemporânea, é sim estabelecer a ponte desejável entre a Poesia e a comunicação que deve desempenhar, como aproximação de uma solução possível. Segundo Lourenço, "(...) a poesia suscita em todos os homens, nem que seja uma só vez na vida, um começo de metamorfose semelhante à do autêntico amor (...)"15. É esta metamorfose, o acordar de uma apatia instalada, que nos empolga. Defendemos a Poesia como comunicação, a Poesia como escadaria da compreensão humana. Defendemos, não de modo romântico mas sim comunicativo, a Poesia como voz aguda da (in)consciente elevação do ser. Pretende-se a acção, a ebulição face ao crepitar do conhecimento. Assim, "De inofensiva, a poesia converte-se na mais suspeita das manifestações humanas, na mais perigosa de todas as criações."16.



Anexos

1. Notas

1 – Eduardo Lourenço in Tempo e Poesia, p.34.
2 – Edward T. Hall in A Dimensão Oculta, p.11.
3 – Ibidem, p.13.
4 – Ib., p.12.
5 – Gérard Leclerc in A Sociedade da Comunicação: Uma Abordagem Sociológica e Crítica, p.10.
6 – Eduardo Lourenço, op. cit., p.36.
7 – Edward T. Hall, op. cit., p.11.
8 – Idem, idem.
9 – Eduardo Lourenço, op. cit., p.35.
10 – Ibidem, p.36.
11 – Ib., p.38.
12 – Idem, idem.
13 – Id., id..
14 – Id., id..
15 – Id., p. 40.
16 – Id., id..


2. Bibliografia

2.1. Activa

HALL, Edward T. – A Dimensão Oculta, Relógio D’ Água, Lisboa, 1986.
LECLERC, Gérard – A Sociedade da Comunicação: Uma Abordagem Sociológica e Crítica, Instituto Piaget, Lisboa, 2000.
LOURENÇO, Eduardo – Tempo e Poesia, Gradiva, Lisboa, 2003.
SÁÀGUA, João – Lógica, Linguagem e Comunicação, Colibri, 2002.

2.2. Carácter Geral

RUBIM, Gustavo – Arte de Sublinhar, Angelus Novus, Coimbra, 2003.

segunda-feira, março 21, 2005

inércia

hoje é dia de contra-sentidar tudo!

quinta-feira, março 17, 2005

Philip Lamantia -- S.F. Surrealist poet
Visionary verse of literary prodigy influenced Beats

by Jesse Hamlin, Chronicle Staff Writer, San Francisco Chronicle

Friday, March 11, 2005


Philip Lamantia, the blazing San Francisco poet whose embrace of Surrealism and the free flow of the imagination had a major influence on the Beats and many other American poets, died Monday of heart failure at his North Beach apartment. He was 77.

A San Francisco native born to Sicilian immigrants, Mr. Lamantia was a widely read, largely self-taught literary prodigy whose visionary poems -- ecstatic, terror-filled, erotic -- explored the subconscious world of dreams and linked it to the experience of daily life.

"Philip was a visionary like Blake, and he really saw the whole world in a grain of sand,'' said poet Lawrence Ferlinghetti, whose City Lights Books published four of Mr. Lamantia's nine books from 1967 to 1997.

"He was the primary transmitter of French Surrealist poetry in this country,'' said Ferlinghetti, who first met Mr. Lamantia here in the early 1950s. "He was writing stream-of-consciousness Surrealist poetry, and he had a huge influence on Allen Ginsberg. Before that, Ginsberg was writing rather conventional poetry. It was Philip who turned him on to Surrealist writing. Then Ginsberg wrote 'Howl.' "

That epochal poem made Ginsberg's name and set off a revolution in American poetry and culture. Ginsberg first read it aloud at San Francisco's Six Gallery on Oct. 13, 1955. The other four poets on the bill that night were Gary Snyder, Michael McClure, Philip Whalen and Mr. Lamantia.

Rather than reading his own works -- his first book, "Erotic Poems,'' had been published in 1946 -- Mr. Lamantia read the prose poems of his friend John Hoffman, who had recently died in Mexico.

"Philip was one of the most beautiful poets I've ever known. He was a poet of the imagination,'' said McClure, who lives in Oakland. "He was highly original -- I'd call his poetry hyper-personal visionary Surrealism -- and he was thrilling to be around. Everybody would sit around and listen to him all night. The flow of his imagination was a beautiful thing. ''

A man of ecstatic highs and deep, deep lows, Mr. Lamantia suffered from depression, friends said, and had become a recluse in recent years, rarely leaving home.

But in his younger days, he was a dashing figure who conversed brilliantly on a wide range of subjects. An omnivorous reader, he delved into astronomy, philosophy, history, jazz, painting, ornithology, Egyptology and many other subjects that informed his expansive vision.

"He was very handsome, like a real Adonis,'' Ferlinghetti said. "He was a brilliant talker, a nonstop associative talker like Robert Duncan (the late San Francisco poet with whom Mr. Lamantia was associated on the pre-Beat San Francisco poetry scene of the late 1940s and early '50s). "He would talk in a continuous stream. One word would set him off in one direction, and another word would get him on another trip. He was a real polymath. And he had an encyclopedic memory.''

Born in San Francisco's Excelsior District, Mr. Lamantia worked as a boy in the old produce market on the Embarcadero, where his Sicilian-born father was a produce broker. He began writing poetry in elementary school and fell under the spell of Surrealism after seeing the paintings of Miro and Dali at the old San Francisco Museum of Art on Van Ness Avenue.

He started reading the poetry of Andre Breton, the so-called pope of Surrealism, and other writers in the movement. In 1943, when he was 15, some of Mr. Lamantia's poems were published in View, a Surrealist-leaning New York magazine. Breton gave the young poet his blessings, describing him as "a voice that rises once in a hundred years.''

Some months later, Mr. Lamantia dropped out of Balboa High School and moved to New York City, where he lived for several years. He associated with Breton and other exiled European artists such as Max Ernst and Yves Tanguy, and he worked as an assistant editor of View.

Returning to San Francisco after World War II, Mr. Lamantia took courses at UC Berkeley in medieval studies, English poetry and other subjects while continuing to write and publish poetry. In 1949, he began traveling the world, staying for extended periods in Mexico, Morocco and Europe.

Coming back to the United States every few years, Mr. Lamantia became part of the underground culture blossoming on the east and west coasts. Like other poets who felt estranged from mainstream culture in the atomic age, "he found in the narcotic night world a kind of modern counterpart to the gothic castle -- a zone of peril to be symbolically or existentially crossed,'' wrote Nancy Peters, who later married Mr. Lamantia in 1978 and edited some of his books for City Lights. "The apocalyptic voice of 'Destroyed Works' is witness to that experience.''

Published in '62 by Auerhahn Press, "Destroyed Works'' was Mr. Lamantia's fourth book. The San Francisco house had also published the poet's two previous collections, "Narcotica'' and "Ekstasis,'' both in 1959.

Ever searching to expand his vision, Mr. Lamantia spent time with native peoples in the United States and Mexico in the '50s, participating in the peyote-eating rituals of the Washoe Indians of Nevada. The poet, who taught for a time at San Francisco State and the San Francisco Art Institute, also embraced Catholicism. In later years he attended the Shrine of St. Francis in North Beach.

"He had a vision of the world that was completely unique,'' said Peters, who later separated from Mr. Lamantia, but they remained good friends. She edited three of his books for City Lights, "Becoming Visible" (1981), "Meadowlark West" (1986) and "Bed of Sphinxes: New and Selected Poems, 1943- 1993.''

Andrei Codrescu, a poet and NPR commentator who knew Mr. Lamantia well, called him "one of the great voices of our subconscious for the last 50 years.

"He was a very pure poet in the sense that he was one of the very few American poets who continued to pursue the Surrealist investigation of dreams and the unconscious -- and he connected those explorations to civic American life.''

A memorial is pending.

Philip Lamantia (1927-2005)
www.citylights.com

...............................................................


Ver artigo de Jack Foley - Riding the Marvelous
acerca de Philip Lamantia, in Poetry Flash, Number 282
August September 1999

www.poetryflash.org/archive.282.foley.html

quarta-feira, março 16, 2005

Sartre. Beauvoir. retratos cruzados. Gulbenkian. 2 março 2005.

"a liberdade é essa capacidade de estar rodeado de nada [vazio] e afirmar o ser" (Eduardo Lourenço)

"não somos seres livres, somos a liberdade, ela mesma"
("foi esta a lição de Sartre", segundo E. Lourenço, "que incendiou o mundo")

Sartre, no documentário, parafraseando Lutero: "«todos os homens são profetas»" - também era pouco protestante este gajo!...

terça-feira, março 08, 2005

El peso de los versos

A veces los versos pesan
como cruces de hierro
colgadas del cuello de los días.

Nos arrastran con ellos a hondonadas
donde sirenas asesinas
duermen sus sueños sonrosados

A veces los versos
se disfrazan de silicios
en un delirio súbito
de castigos y voces de negrura
Entonces son pequeños animales
que muerden la costura de los sueños
y despeñan en medio de la noche
las tenues luces
de la luna de adentro.

A veces los versos son demonios
que arañan,crujen gruñen
en los campos lejanos y ateridos
en los esteros llenos de cadáveres
en las vaguadas solitarias
que derrumban los cerros
y las fibras del alma.

Ahora
el día cierra filas
entre añiles y lejanos pájaros
que durante la noche
beberán poemas negros,
gotas de lluvias
y caídas estrellas.

© Gocho Bersolari

http://english.agonia.net/index.php/author/9810/

http://www.criscarbone.com.ar/poetas_amigosgocho.htm

sexta-feira, março 04, 2005

Festival Peças Frescas

novos compositores portugueses
composições dos alunos da Escola Superior de Música de Lisboa

Pedro Sousa - Terra dos Sons
dia 7 de Março pelas 18:30
Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz

www.egeac.pt

quarta-feira, março 02, 2005

SERAPHINE LOUIS

por Manuel Lozano (Argentina)


Una mujer de este mundo, Wilhelm Uhde, descubrió un buen día incontenible que su criada Seraphine Louis (1864-1942), pintaba cuadros admirables sin haber tenido maestros o estudios previos. El hecho es mucho menos importante que lo que Uhde dejó escrito para el porvenir: "(...) Una obra grandiosa que ignora sus sublimes predecesores y por lo tanto no puede citarlos como testigos: los rosetones de las catedrales medievales y las tapicerías góticas."

Seraphine entraba, al pintar, en prolongados éxtasis. Sus dibujos suelen mostrarnos junglas exaltadas en que ninguna piedad es posible, cielos como pozos y elevados infiernos. Acaso como cuadra a toda criatura que atraviesa el relámpago -ut pictura poesis-, entró en la demencia doce años antes de su muerte.



...................................................



Voy a escribir una hoja inclinándose al árbol final que la rechaza,
a estas hordas de luto que el enigma no puede medir.
Escribiré en su corteza como quien canta
un ensalmo abandonado a la pavura de la sangre.
Estás aquí con tu frío y no hay luz para partir,
no habrá luz de despedidas.
Es en la orilla de las grandes ciudades
donde se enreda, de bruces, la áspera mujer,
cuando entras a la casa de la transformación.
¿Y adónde aquellos dones para volver
en oro todo cuanto rozan esos dedos?
¿Dónde la que cavó el vacío llena de tristeza
graznando como un pato en bordes de laguna?
¿Y adónde la engreída con el fruto madurado antes de tiempo?

Nadie me reconciliaba con su estirpe de viejos.
El árbol subía polvoriento desde el fondo del agua
a hablar el idioma de las ruinas,
la palidez de una dádiva.
¿Quién dirá que llueve contra estos postigos?
Pero el agua no comunica, el agua arrastra.
Entonces, se aliaban los colores
en el subsuelo ardido que apenas conoces
como una telaraña extraída de la pesadilla
temblando aún entre los dedos.
Todos estaban presentes.
Las lenguas con ojos saltaron de sus bocas a la vista de todos,
como pequeños cofres inútiles
que no será preciso entonces abrir
porque el día ha llegado.
Son pocos los que corren al furioso ayer
donde los siglos cantan la ceniza, no el prodigio.
Desangrado castillo y sanguinaria luz
disputándose los rostros
que jamás se encontrarán bajo la forma del cielo.

¿De dónde este racimo de presentimientos
engendrando nuevamente al árbol primero
plasmado siempre en el fuego de la pesadilla?
Cada dios en su palacio,
cada leproso en el coliseo de su desesperación,
cada maniática puerta sin abrir,
cada bestia heráldica perdida en la memoria del alba de los muertos,
vienen a mí con su fábula.
¿Y nadie nos arrebató el enigma,
nadie encontró el centro del azar, la fatua carne del triunfo?
Para que existas,
debió desvanecerse el viento hasta donde
no alcanza el barro y su historia
con torpes caravanas
la repartición de la herencia.
De ti se nutre el ignoto pájaro desmembrado
prolongando el trino
con los fulgores del desquicio adverso.

Hay horror en los ojos mientras nazco,
sucesión de padres de ignominia,
cadáveres del estigma de las llagas
abandonándose para siempre a la soledad de las aldeas.
Dicen que Elohim los bendijo, señalándoles:
"Que sirvan de signos para las épocas
y para los días y los años."
De la tierra firme surgían los rampantes.
Las lluvias se abrían al vuelo de langostas.
Hágase la tiniebla
y fue hecha la tiniebla en todo su esplendor.
Porque acaso, ¿no hubo un tiempo
en que el mundo entero no era sino tinieblas
y agua hasta donde el principio?
Que haga luz y hubo luz.
(La cuna de escarchas reluce todavía en la mirada.)
Porque acaso, ¿no manó la luz exhuberante
entre las brumas espesas del infierno?

He construido mi casa con brotes de murciélago.
El pudridero crecía, se abismaba
mostrando que no es cierto nada aquí:
alma de hombre comida por el hombre.
¡La dicha del hogar!
¡Las farsas del hormiguero de hijos
inflamando las camas con su hedor espantoso!
Tan baldío el almizcle, sin fin el estuche
como una fosa labrada de vestigios.
¿Quién era Dios? ¿Quién me suicida?
El niño monstruo corre por mi raza.
La claridad hace cruces en el aire.
Entonces, llega y sucumbe al designio de subir
en espirales sobre los antiguos reinos.
¿Se abrirían las plegarias?
¿Las llagas saltarían sobre la miseria
y la complicidad de los reos?

Jamás el mundo será tan indecible.
(El gesto del que arroja las migas,
de una vieja arañando en el agua de la fuente,
de otra vieja limpiando el nicho de sus padres:
todas traiciones en los huesos sucios de la memoria.)
La desposada con el delirio
vuela suntuosa sobre el túnel del engaño.
Salpica a cada instante, remontando sus alas
como un modo de advertir a los vivos y a los muertos
el dibujo aprisionado,
el secreto esplendor de la mano que dibuja
manando sangre en las paredes.

Ahora las raíces sojuzgan el templo.
¿Qué fábula desgasta el paso de estas migraciones?
Los instrumentos del caos no pueden descifrarse.
Anterior al porvenir,
siempre habrá una condenada lavando el patio de su sombra.
Pero en el caleidoscopio medirían sus huellas
con el vino sagrado de las pequeñas magias
hasta el fin implacable que no llega.
Caeré adormecida.
Sin fe ni salvación, las moscas rondarán la carne.
¿Y quién dijo que el fin estaba cerca,
la locura estremecida por el rayo,
una estrella fugaz entre las vías de un ferrocarril?

Agotada,
erguida,
posible.
Cuando me exorcizan,
nadie es presa de amor en esta guerra.

Por las grietas del ataúd
salen las puntas de tu cabellera nutricia, nidos
en la música feroz de todo ruego.

De noche y de día
hemos amontonado las raíces de la fiesta.
Las tablillas como los rostros son equívocos
a la hora en que los cuerpos ruedan al vacío
y te aprietan el criminal y su mártir.
Las emanaciones disolventes hierven
en la corteza tristísima de los establos.
Quise llegar a esa orilla,
desclavarme en la cruz de mi pecho vigoroso,
transfigurarme de los pies a cabeza.
A la entrada del palacio,
¿qué duplicación no me rehúye, no me abruma?
¿Y qué esfinge pregunta a la quimera por su clave?
Todavía queda el brindis,
imitación de cenizas cuando vuelves
del muro hasta los ojos, diciéndome:
-Amémonos.




(Este texto pertenece al libro "Bizancio bajo las aguas", de Manuel Lozano, habiendo sido seleccionado e incluido en el libro de arte "La Mujer: Soledad y Violencia", editado e ilustrado por el pintor Juan Fernando Cobo A., de Colombia (Edit. "Gente con Talento", agosto de 2004. Al mismo tiempo, fue presentado en las lecturas que hiciera Lozano en Edimburgo y París, durante agosto y septiembre.)