schiele. auto-retrato.
tomei café com um desenho do egon schiele. ganhara contudo volume. densidade. schiele sobrevive. continua cá.
entre nós.
e as fechaduras que deixou por abrir. as portas entreabertas para as quais nos incitou a descobrir e a refazer. permanecem. solidificou-se uma réstia de transposição. e ficamos mais vidrados. com as mandíbulas bem tesas e apertadas. é casual. mas aconteceu. aqui. nesta esplanada. uma passagem para uma tri. dimensionalidade. assomada nesta personagem em código.
são as orelhas a pontiagar no topo. é fantástico tomar café com um desenho do egon schiele. são as enseadas de pele que rasgam a floresta capilar. é a altura média da testa. o seu desenho a antracite. o branco iluminando este rosto contorcido. amarelado. encarnado. com a saliência das esferas oculares. dois globos a querer explodir. e meio olho de cada lado a desprender-se das pálpebras elásticas. cortadas em traço. formando-se um ciclope. ciclope que representa outra parte da fresta entreaberta da porta. depois é este nariz sinuosamente recto que parece não acabar. são as sobrancelhas frisadas em arco e as rugas trepando até à calvície. os ossos salientes e rijos.
auto-retrato
e como é inquietante continuar a desconhecer o desenho. egon schiele. e a pessoa que está à minha frente tomando um café que parece não acabar.
e.e.
terça-feira, novembro 16, 2004
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