Manuel António Pina
Primeiro Domingo
A tarde estava errada,
não era dali, era de outro Domingo,
quando ainda não tinhas acontecido,
e apenas eras uma memória parada
sonhando (no meu sonho) comigo.
E eu, como um estranho, passava
no jardim fora de mim
como alguém de quem alguém se lembrava
vagamente (talvez tu),
num tempo alheio e impresente.
Tudo estava no seu lugar
(o teu lugar), excepto a tua existência,
que te aguardava ainda, no limiar
de uma súbita ausência,
principalmente de sentido.
in Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança, Assírio & Alvim, Lisboa
domingo, novembro 28, 2004
segunda-feira, novembro 22, 2004
talho sinfónico
emparedados num microcosmos circular
de vozes vorazes e planetárias
e trepidantes e ruidosas
e a cabeça às voltas e voltas
e o som em forma de cruz
cintilando nos ouvidos querendo
acumular cera
acumular cera com a justificação
das vozes vorazes e planetárias
que testemunharam o irracional
racionalmente falando
é claro!
e a escuridão donde a luz se evola
e os altifalantes pendurados
como um talho sinfónico
e os ouvidos hipnotizando as gargantas
e as pestanas e as auréolas cerebrais
e o magnetismo
das vozes vorazes e planetárias
ajoelhando-se à porta da bizarria
e o círculo e a cruz
e o círculo cada vez mais fechado
e todos tentando escapar ao irracional
visto que a saída
racionalmente falando
não existia
aseiçaneves
(a partir de Witness de Susan Hiller, 2004)
..........................................
Maratona de Leitura - Culturgest
27 de novembro das 15h às 19h30
www.culturgest.pt/actual/maratona_de_leitura.html
emparedados num microcosmos circular
de vozes vorazes e planetárias
e trepidantes e ruidosas
e a cabeça às voltas e voltas
e o som em forma de cruz
cintilando nos ouvidos querendo
acumular cera
acumular cera com a justificação
das vozes vorazes e planetárias
que testemunharam o irracional
racionalmente falando
é claro!
e a escuridão donde a luz se evola
e os altifalantes pendurados
como um talho sinfónico
e os ouvidos hipnotizando as gargantas
e as pestanas e as auréolas cerebrais
e o magnetismo
das vozes vorazes e planetárias
ajoelhando-se à porta da bizarria
e o círculo e a cruz
e o círculo cada vez mais fechado
e todos tentando escapar ao irracional
visto que a saída
racionalmente falando
não existia
aseiçaneves
(a partir de Witness de Susan Hiller, 2004)
..........................................
Maratona de Leitura - Culturgest
27 de novembro das 15h às 19h30
www.culturgest.pt/actual/maratona_de_leitura.html
sexta-feira, novembro 19, 2004
Sagradíssimo comparsa. Mui excelso maganão sr. Álvaro,
Envio-lhe de tais modos o modestíssimo opúsculo que lhe referi. Hei
decidido, por mistérios além de toda a metafísica, que fosse uma
elegia - forma poética em consonância com toda a tralha do passado.
Coisa de pasmar.
Não percebendo nada de arquitectura, as musas ditaram um poemeto sobre
a minha Dama, a mais Bela: a Morte. Mui romanticamente. Mui
estrombasticamente.
Encarecidamente, o seu condiscípulo,
Bruno Ribeiro de Almeida, Visconde da Caparica, Marquês da Banática e
arrabaldes, Coronel da 21ª Companhia de Dragões do Samouco.
Viva o Senhor Doutor Oliveira Salazar! viva o Estado Novo! viva!
............................................
elegia a um arquitecto
talvez isto te comova: teres à tua disposição o vazio,
e com olhos de carne manobrares a pedra em linhas e planos.
revelar o seu desejo de geometria - eis o enredo.
e que teia erótica é esta:
coisas que se edificam, carne fermentando-se a cada instante,
e resta um edifício algures, síntese do tempo. ordem,
mais que tudo, habitável. é preciso que funcione
como coisa humana, propensa a ser remexida dia e noite.
suja de passos e de impressões digitais - outros testemunhos.
depois vem a memória. és perecível, meu caro. a morte
também toca aos arquitectos: sejam eles quais forem.
tenebrosamente. sejam eles quais forem. não se edifica
sem dialogar com o tempo.
sobrevêm as primeiras dificuldades. há uma vertigem
entre a torre e o labirinto. entretanto
sente-se o cabelo a crescer, a encanar.
e os desejos? e as linhas cortadas pelo betão armado?
de barbas pelo chão guinchas pela arquitectura:
a carne tem destas coisas...
seguem-se vigílias, episódios comoventes,
e à maneira de epílogo saltas dum varandim abaixo.
– os teus olhos transbordam de arquitectura.
bruno r. almeida
Envio-lhe de tais modos o modestíssimo opúsculo que lhe referi. Hei
decidido, por mistérios além de toda a metafísica, que fosse uma
elegia - forma poética em consonância com toda a tralha do passado.
Coisa de pasmar.
Não percebendo nada de arquitectura, as musas ditaram um poemeto sobre
a minha Dama, a mais Bela: a Morte. Mui romanticamente. Mui
estrombasticamente.
Encarecidamente, o seu condiscípulo,
Bruno Ribeiro de Almeida, Visconde da Caparica, Marquês da Banática e
arrabaldes, Coronel da 21ª Companhia de Dragões do Samouco.
Viva o Senhor Doutor Oliveira Salazar! viva o Estado Novo! viva!
............................................
elegia a um arquitecto
talvez isto te comova: teres à tua disposição o vazio,
e com olhos de carne manobrares a pedra em linhas e planos.
revelar o seu desejo de geometria - eis o enredo.
e que teia erótica é esta:
coisas que se edificam, carne fermentando-se a cada instante,
e resta um edifício algures, síntese do tempo. ordem,
mais que tudo, habitável. é preciso que funcione
como coisa humana, propensa a ser remexida dia e noite.
suja de passos e de impressões digitais - outros testemunhos.
depois vem a memória. és perecível, meu caro. a morte
também toca aos arquitectos: sejam eles quais forem.
tenebrosamente. sejam eles quais forem. não se edifica
sem dialogar com o tempo.
sobrevêm as primeiras dificuldades. há uma vertigem
entre a torre e o labirinto. entretanto
sente-se o cabelo a crescer, a encanar.
e os desejos? e as linhas cortadas pelo betão armado?
de barbas pelo chão guinchas pela arquitectura:
a carne tem destas coisas...
seguem-se vigílias, episódios comoventes,
e à maneira de epílogo saltas dum varandim abaixo.
– os teus olhos transbordam de arquitectura.
bruno r. almeida
quarta-feira, novembro 17, 2004
minotauro
nos túneis do metro. um minotauro esquecido. esquecendo o touro. deixara-o em tempos. durante sempre para trás. agora era mino. suas solas eram ossos de bacia. enterrara o touro no solo. confessara-me: enterrei o touro no solo. a mansidão invadira-o. varejava por ali. nos túneis do metro. pedia a esmola de ser um homem enterrado. mas ninguém queria saber.
para Eles não sou um homem. sou mino O terrível mino. esquecem-se disso (pois esquecem mino). esquecem-se que Eles nem são homens nem mulheres nem outra coisa qualquer. eles são cadáveres. mas nem o notam. já dizia o poeta. aquele com nome de pessoa. fernando não era? disparava mino.
talvez mino. talvez seja isso tudo ou seja outra coisa incompreensível.
homem enterrado na vida. enterrado no passado. para trás. só caixa torácica e experiência.
o resto. o resto era a puta da vida. um labirinto.
e.e.
nos túneis do metro. um minotauro esquecido. esquecendo o touro. deixara-o em tempos. durante sempre para trás. agora era mino. suas solas eram ossos de bacia. enterrara o touro no solo. confessara-me: enterrei o touro no solo. a mansidão invadira-o. varejava por ali. nos túneis do metro. pedia a esmola de ser um homem enterrado. mas ninguém queria saber.
para Eles não sou um homem. sou mino O terrível mino. esquecem-se disso (pois esquecem mino). esquecem-se que Eles nem são homens nem mulheres nem outra coisa qualquer. eles são cadáveres. mas nem o notam. já dizia o poeta. aquele com nome de pessoa. fernando não era? disparava mino.
talvez mino. talvez seja isso tudo ou seja outra coisa incompreensível.
homem enterrado na vida. enterrado no passado. para trás. só caixa torácica e experiência.
o resto. o resto era a puta da vida. um labirinto.
e.e.
terça-feira, novembro 16, 2004
schiele. auto-retrato.
tomei café com um desenho do egon schiele. ganhara contudo volume. densidade. schiele sobrevive. continua cá.
entre nós.
e as fechaduras que deixou por abrir. as portas entreabertas para as quais nos incitou a descobrir e a refazer. permanecem. solidificou-se uma réstia de transposição. e ficamos mais vidrados. com as mandíbulas bem tesas e apertadas. é casual. mas aconteceu. aqui. nesta esplanada. uma passagem para uma tri. dimensionalidade. assomada nesta personagem em código.
são as orelhas a pontiagar no topo. é fantástico tomar café com um desenho do egon schiele. são as enseadas de pele que rasgam a floresta capilar. é a altura média da testa. o seu desenho a antracite. o branco iluminando este rosto contorcido. amarelado. encarnado. com a saliência das esferas oculares. dois globos a querer explodir. e meio olho de cada lado a desprender-se das pálpebras elásticas. cortadas em traço. formando-se um ciclope. ciclope que representa outra parte da fresta entreaberta da porta. depois é este nariz sinuosamente recto que parece não acabar. são as sobrancelhas frisadas em arco e as rugas trepando até à calvície. os ossos salientes e rijos.
auto-retrato
e como é inquietante continuar a desconhecer o desenho. egon schiele. e a pessoa que está à minha frente tomando um café que parece não acabar.
e.e.
tomei café com um desenho do egon schiele. ganhara contudo volume. densidade. schiele sobrevive. continua cá.
entre nós.
e as fechaduras que deixou por abrir. as portas entreabertas para as quais nos incitou a descobrir e a refazer. permanecem. solidificou-se uma réstia de transposição. e ficamos mais vidrados. com as mandíbulas bem tesas e apertadas. é casual. mas aconteceu. aqui. nesta esplanada. uma passagem para uma tri. dimensionalidade. assomada nesta personagem em código.
são as orelhas a pontiagar no topo. é fantástico tomar café com um desenho do egon schiele. são as enseadas de pele que rasgam a floresta capilar. é a altura média da testa. o seu desenho a antracite. o branco iluminando este rosto contorcido. amarelado. encarnado. com a saliência das esferas oculares. dois globos a querer explodir. e meio olho de cada lado a desprender-se das pálpebras elásticas. cortadas em traço. formando-se um ciclope. ciclope que representa outra parte da fresta entreaberta da porta. depois é este nariz sinuosamente recto que parece não acabar. são as sobrancelhas frisadas em arco e as rugas trepando até à calvície. os ossos salientes e rijos.
auto-retrato
e como é inquietante continuar a desconhecer o desenho. egon schiele. e a pessoa que está à minha frente tomando um café que parece não acabar.
e.e.
sexta-feira, novembro 12, 2004
quarta-feira, novembro 10, 2004
(...)
Assim como as alamedas que se estendiam a perder de vista e cujos largos raios submetiam os horizontes, pareciam não ter sido traçados para servirem ao lento acesso das carruagens, mas que o arquitecto, mercê de alguma obscura e genial presciência, as havia destinado, com trezentos anos de antecedência, aos veículos modernos. O certo é que não há motivo para os homens se esforçarem por fazer algo de duradoiro se não pressentirem confusamente que a sua obra deverá esperar por um acréscimo de beleza, que eles de momento são incapazes de lhe conferir, mas que o futuro lhes reservará. Não se faz grande, espera-se que engrandeça.
(...)
in O Supermacho, Alfred Jarry, Edições Afrodite, Lisboa, 1975, p.32.
O original francês, Surmâle, data de 1902.
Assim como as alamedas que se estendiam a perder de vista e cujos largos raios submetiam os horizontes, pareciam não ter sido traçados para servirem ao lento acesso das carruagens, mas que o arquitecto, mercê de alguma obscura e genial presciência, as havia destinado, com trezentos anos de antecedência, aos veículos modernos. O certo é que não há motivo para os homens se esforçarem por fazer algo de duradoiro se não pressentirem confusamente que a sua obra deverá esperar por um acréscimo de beleza, que eles de momento são incapazes de lhe conferir, mas que o futuro lhes reservará. Não se faz grande, espera-se que engrandeça.
(...)
in O Supermacho, Alfred Jarry, Edições Afrodite, Lisboa, 1975, p.32.
O original francês, Surmâle, data de 1902.
terça-feira, novembro 09, 2004
Sobre um Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder
A Contradição
No lugar de um “sim” deveria estar um “não”.
Assim termina a jornada que nunca chegou a ser iniciada.
Estava eu sorridente, feliz por estar onde estava com quem não estava, e a repetir de forma incessante e algo contrariada as palavras que ouvira dizer essa amanhã:
“Tudo o que te disserem é mentira.”
Como poderia ele, com tanta segurança, afirmar que de outra forma não o era? Onde vai ele buscar essa crença imbatível que lhe permite atravessar de olhos fechados a instável ponte que une o dizer ao saber?
Suponhamos que, de facto, tudo o que me disserem é mentira. Todas as afirmações que ouço diariamente, desde “Estou atrasado…” até “Amanhã vou a Xangai” estão totalmente corrompidas pela falsidade; como tal, significam exactamente o oposto da ideia que aparentam transmitir. Nesse caso, até aquilo que ele mesmo afirma estaria encerrado em falsidade e negação. Logo, nem tudo aquilo que me disserem é mentira. Tem de haver pelo menos uma afirmação verdadeira. Mas… qual?
A resposta aponta-nos irremediavelmente para a sua própria declaração, que defende que tudo aquilo que me disserem é falso. Ao assumir-se como mentirosa, a afirmação consegue suportar-se como verdadeira, por não entrar em contradição com aquilo que sustém. Incrível! Ao ceder toda a sua credibilidade, ela torna-se verdadeira e correcta!
Tudo o que me disserem é de facto mentira, porque alguém me mente dizendo-me a verdade, alguém que é sincero quando me prova que não o é…
Perante isto, como poderia eu duvidar dele?
Cristóvão Figueiredo
Vivam Apenas
Vivam, apenas
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes
Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.
Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.
E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.
Vivam, apenas.
A Morte é para os mortos!
José Gomes Ferreira
domingo, novembro 07, 2004
Onda Poética
A Sessão n.º 80 (OITENTA!) da ONDA POÉTICA realizar-se-á no próximo dia 8 de Novembro, Segunda-Feira próxima, no Bar Dominó do Casino de Espinho, pelas 21.30 horas.
A primeira parte será preenchida com a leitura por vários residentes e convidados de uma colagem, da responsabilidade de Anthero Monteiro, de textos dos seguintes autores: Vinicius de Moraes, Ruy Belo, Joaquim Namorado, Álvaro Feijó, Manuel Alegre, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, António Aleixo e José Afonso, todos subordinados ao tema “CONSTRUÇÃO”.
Os interlúdios musicais estarão a cargo de Carlos Andrade (voz e guitarra acústica).
A segunda parte destinar-se-á à intervenção dos ESPONTÂNEOS, sob tema livre.
Saudações culturais e poéticas do
Coordenador da ONDA POÉTICA
Anthero Monteiro
A Sessão n.º 80 (OITENTA!) da ONDA POÉTICA realizar-se-á no próximo dia 8 de Novembro, Segunda-Feira próxima, no Bar Dominó do Casino de Espinho, pelas 21.30 horas.
A primeira parte será preenchida com a leitura por vários residentes e convidados de uma colagem, da responsabilidade de Anthero Monteiro, de textos dos seguintes autores: Vinicius de Moraes, Ruy Belo, Joaquim Namorado, Álvaro Feijó, Manuel Alegre, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, António Aleixo e José Afonso, todos subordinados ao tema “CONSTRUÇÃO”.
Os interlúdios musicais estarão a cargo de Carlos Andrade (voz e guitarra acústica).
A segunda parte destinar-se-á à intervenção dos ESPONTÂNEOS, sob tema livre.
Saudações culturais e poéticas do
Coordenador da ONDA POÉTICA
Anthero Monteiro
quarta-feira, novembro 03, 2004
asno
se por entre o teu pulmão
de vestígios vedados
não se vislumbrasse a pleura de asno
que tentas ocultar
aí sim
se por entre as tripas verdadeiras
que afirmas desfazer
não se vincasse um cólon
de excrementos falsos
aí sim
sorririas melhor
chorarias melhor
amarias melhor
e contigo todos
aseiçaneves
se por entre o teu pulmão
de vestígios vedados
não se vislumbrasse a pleura de asno
que tentas ocultar
aí sim
se por entre as tripas verdadeiras
que afirmas desfazer
não se vincasse um cólon
de excrementos falsos
aí sim
sorririas melhor
chorarias melhor
amarias melhor
e contigo todos
aseiçaneves
Subscrever:
Mensagens (Atom)