terça-feira, junho 14, 2005

passagens para outro lado


«Recebi uma carta. Dizia qualquer coisa como isto:
"Você já tem muita idade, e dentro em pouco comparecerá perante Deus que o
julgará. E se não se arrepender está condenado às penas eternas."
O que é que eu podia fazer? Escrevi uma carta a agradecer a preocupação.»

Álvaro Cunhal, DNA, Outubro de 1997



A MÁRIO BOTAS, COM UNS CRAVOS BRANCOS

Já estiveras na morte muita vez
e sempre regressaras. Para a conheceres
bastava-te afinal ser português,
a morte é o nosso aprendizado.
Agora lá ficaste: o outono foi duro.
Não cheguei a dizer-te como
tu e eu sobrávamos na festa.
Tu já partiste, eu não tardarei.
Aos corvos deixemos o que resta.

Eugénio de Andrade, 1983

(email enviado por Felipa Preto Ramos)

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