eclipse
estava a certeza irradiando uma luz feroz de branca
quando
cega e de rompante
se tapou
num eclipse de chumbo
ofuscado
pela estranheza da novidade
aseiçaneves
sexta-feira, outubro 29, 2004
quarta-feira, outubro 20, 2004
EXORTAÇÃO
Se te apetece ir por um lado, vai, indiferente
a tôdas as ameaças e a todos os protestos,
mas se te não deixam ir e querem que vás por outro,
cruza os braços e deixa-te estar,
inerte como uma montanha,
até tudo à tua volta cair aos pedaços
e tu e o mundo serem só horizonte.
in Voz Arremessada ao Caminho, Armindo Rodrigues, Lisboa, 1943.
Se te apetece ir por um lado, vai, indiferente
a tôdas as ameaças e a todos os protestos,
mas se te não deixam ir e querem que vás por outro,
cruza os braços e deixa-te estar,
inerte como uma montanha,
até tudo à tua volta cair aos pedaços
e tu e o mundo serem só horizonte.
in Voz Arremessada ao Caminho, Armindo Rodrigues, Lisboa, 1943.
sábado, outubro 16, 2004
Paula Rego - a defunta figurativa
empresta-se título a dissertações, basta enviarem para o email do blog caputblog@hotmail.com
entretanto vou preparando a minha.
de qualquer maneira, inaugurou ontem a exposição da Paula Rego, no Museu de Serralves (MACS), no Porto.
passem por lá e iniciem a efabulação.
fica a proposta aos pensadores e às pensadoras, diria Guterres.
aseiçaneves
empresta-se título a dissertações, basta enviarem para o email do blog caputblog@hotmail.com
entretanto vou preparando a minha.
de qualquer maneira, inaugurou ontem a exposição da Paula Rego, no Museu de Serralves (MACS), no Porto.
passem por lá e iniciem a efabulação.
fica a proposta aos pensadores e às pensadoras, diria Guterres.
aseiçaneves
quinta-feira, outubro 14, 2004
L'ESPOIR EN PALESTINE
EST UNE VEILLEUSE FRAGILE
Pour ne pas fléchir
Pour ne pas mourir
Ils sont quelques uns
A tenir à résister
A s'arc-bouter
Contre vents et marées
Défiant le soleil des armes
Les mâchoires de la mort
Leur éclat meurtrier
Car il leur faut persister
Persister sans fin
Dans l'âpreté des jours
Comme si eux et leur tolérance
Ne devaient jamais mourir...
Car tout ce qui fut dit
Crié répété dénoncé
Tout ce qui est emporté
Etouffé pulvérisé
Persiste pourtant
Sous les décombres
De la mémoire
Et brûle toujours
dans le regard incandescent
de ces enfants de Ramallah
qui leur survivront
Dans ce poème
Ce n'est pas moi qui vous interpelle
Dans ce poème
Ce n'est pas ma voix
Que vous entendez
Mais ce qui les maintient
L'ombre désespérée
De la réconciliation
Cet espoir infini
Au coeur des hommes
Car dans leurs mains qui tremblent
Cette petite lueur de l'espoir à l'Orient
Est une veilleuse fragile
Au coeur de la nuit carnassière...
Paris, décembre 2003
Bernard Mazo
EST UNE VEILLEUSE FRAGILE
A Mahmoud Darwich
Sur cette terre vouée au désastrePour ne pas fléchir
Pour ne pas mourir
Ils sont quelques uns
A tenir à résister
A s'arc-bouter
Contre vents et marées
Défiant le soleil des armes
Les mâchoires de la mort
Leur éclat meurtrier
Car il leur faut persister
Persister sans fin
Dans l'âpreté des jours
Comme si eux et leur tolérance
Ne devaient jamais mourir...
Car tout ce qui fut dit
Crié répété dénoncé
Tout ce qui est emporté
Etouffé pulvérisé
Persiste pourtant
Sous les décombres
De la mémoire
Et brûle toujours
dans le regard incandescent
de ces enfants de Ramallah
qui leur survivront
Dans ce poème
Ce n'est pas moi qui vous interpelle
Dans ce poème
Ce n'est pas ma voix
Que vous entendez
Mais ce qui les maintient
L'ombre désespérée
De la réconciliation
Cet espoir infini
Au coeur des hommes
Car dans leurs mains qui tremblent
Cette petite lueur de l'espoir à l'Orient
Est une veilleuse fragile
Au coeur de la nuit carnassière...
Paris, décembre 2003
Bernard Mazo
quarta-feira, outubro 13, 2004
à Gerência
a urina tinha subido à cabeça urina urina urina mas já era mijo mijo mijo e mijo na porta nas paredes retrete fora retrete dentro mijo no chão num papel que não se lia mijo para cima mijo para baixo mijo mijo mijo tudo escorregadio
debruçado no papel lia-se para bem da saúde de todos é favor não urinar no chão e puxar o autoclismo a Gerência
não puxou foi-se embora contrariado mas deixando tudo muito bem
urinado
aseiçaneves
a urina tinha subido à cabeça urina urina urina mas já era mijo mijo mijo e mijo na porta nas paredes retrete fora retrete dentro mijo no chão num papel que não se lia mijo para cima mijo para baixo mijo mijo mijo tudo escorregadio
debruçado no papel lia-se para bem da saúde de todos é favor não urinar no chão e puxar o autoclismo a Gerência
não puxou foi-se embora contrariado mas deixando tudo muito bem
urinado
aseiçaneves
sexta-feira, outubro 08, 2004
Lomo
lomógrafos...eis um bom destaque...agora mutilem-se esteticamente!
danieltércio photoswebsite
www.lomohomes.com/dtercio
lomógrafos...eis um bom destaque...agora mutilem-se esteticamente!
danieltércio photoswebsite
www.lomohomes.com/dtercio
quinta-feira, outubro 07, 2004
Propostas
Julião Sarmento Ghosts
CAV - Centro de Artes Visuais - Encontros de Fotografia
Julião Sarmento apresenta-nos duas obras em vídeo, de carácter interactivo. Ghosts e Ghost: trata-se de duas instalações vídeo, a cores, com som, datadas de 2004, tendo sido especialmente produzidas para o contexto desta exposição. Através da recorrência a dispositivos de interactividade, em que o espectador desempenha necessariamente um papel fulcral, Julião Sarmento procura questionar mecanismos de produção de sentido, de construção da memória e de apreensão do real. Com base numa premissa dual: presença/ ausência, convida o espectador a entrar num jogo de percepção em que o som funciona simultaneamente como elemento agregador e como dispositivo de acção. Por ocasião da exposição será editado um Catálogo com imagens das duas obras e um texto de David Barro.
Pátio da Inquisição, 10
3000 Coimbra, Portugal
De Terça a Domingo das 10:00 às 19:00, até 26 dez
www.cav.net4b.pt
T: + 351 239 826 178
Bernard Mazo Conferência Poesia Árabe Contemporânea
Casa Fernando Pessoa, dia 12 de Outubro, pelas 18.30
A apresentação e moderação da sessão estará a cargo do poeta Casimiro de Brito. Haverá ainda lugar para a leitura de grandes vozes poéticas do mundo árabe contemporâneo como Mamouhd Darwich e Adónis.
Bernard Mazo nasceu em Paris, em 1939. Poeta e ensaísta, crítico literário, colabora em diversas publicações e é co-director do jornal mensal Aujourd'hui Poème, membro do comité de redacção da revista Poesia 1, de Quantara, a revista do Instituto do Mundo Árabe, membro da Academia Mallarmé, do PEN Club Francês e secretário geral do Prémio Apollinaire. Publicou 8 livros de poesia, Cette absence infinie au coeur des Choses (2004), La Vie Foudroyée (1999), Dans le Froid Mortel de l'Exil (1998), Dilapidation du Silence (1981), La Parole Retrouvé (1985), Mouvante Mémoire (1970), La Chaleur Durable (1966) e Passage du Silence (1964). A sua obra figura em diversas antologias da poesia francesa contemporânea.
www.casafernandopessoa.com
Julião Sarmento Ghosts
CAV - Centro de Artes Visuais - Encontros de Fotografia
Julião Sarmento apresenta-nos duas obras em vídeo, de carácter interactivo. Ghosts e Ghost: trata-se de duas instalações vídeo, a cores, com som, datadas de 2004, tendo sido especialmente produzidas para o contexto desta exposição. Através da recorrência a dispositivos de interactividade, em que o espectador desempenha necessariamente um papel fulcral, Julião Sarmento procura questionar mecanismos de produção de sentido, de construção da memória e de apreensão do real. Com base numa premissa dual: presença/ ausência, convida o espectador a entrar num jogo de percepção em que o som funciona simultaneamente como elemento agregador e como dispositivo de acção. Por ocasião da exposição será editado um Catálogo com imagens das duas obras e um texto de David Barro.
Pátio da Inquisição, 10
3000 Coimbra, Portugal
De Terça a Domingo das 10:00 às 19:00, até 26 dez
www.cav.net4b.pt
T: + 351 239 826 178
Bernard Mazo Conferência Poesia Árabe Contemporânea
Casa Fernando Pessoa, dia 12 de Outubro, pelas 18.30
A apresentação e moderação da sessão estará a cargo do poeta Casimiro de Brito. Haverá ainda lugar para a leitura de grandes vozes poéticas do mundo árabe contemporâneo como Mamouhd Darwich e Adónis.
Bernard Mazo nasceu em Paris, em 1939. Poeta e ensaísta, crítico literário, colabora em diversas publicações e é co-director do jornal mensal Aujourd'hui Poème, membro do comité de redacção da revista Poesia 1, de Quantara, a revista do Instituto do Mundo Árabe, membro da Academia Mallarmé, do PEN Club Francês e secretário geral do Prémio Apollinaire. Publicou 8 livros de poesia, Cette absence infinie au coeur des Choses (2004), La Vie Foudroyée (1999), Dans le Froid Mortel de l'Exil (1998), Dilapidation du Silence (1981), La Parole Retrouvé (1985), Mouvante Mémoire (1970), La Chaleur Durable (1966) e Passage du Silence (1964). A sua obra figura em diversas antologias da poesia francesa contemporânea.
www.casafernandopessoa.com
quarta-feira, outubro 06, 2004
DEFESA
ah esta velha mania
de prolongar na noite o parco dia
e rebuscar na solidão maior
remédio
para o tédio
e para a dor
ah esta velha doença
de alinhar sinónimos de fel
ao longo do papel
e de gravar sinais de desvario
de loucura e de frio
nesta segunda pele
com a crença
de que a estrutura em verso
defendendo o meu íntimo vazio
suportará o peso do universo
in desesperânsia, Anthero Monteiro, Corpos Editora, 2003.
ah esta velha mania
de prolongar na noite o parco dia
e rebuscar na solidão maior
remédio
para o tédio
e para a dor
ah esta velha doença
de alinhar sinónimos de fel
ao longo do papel
e de gravar sinais de desvario
de loucura e de frio
nesta segunda pele
com a crença
de que a estrutura em verso
defendendo o meu íntimo vazio
suportará o peso do universo
in desesperânsia, Anthero Monteiro, Corpos Editora, 2003.
mestizo
– mestizo!
mestizo! he hailed
however Eduardo solemn
in the grave of his spirit
carved tribes formerly
– the deported slaves –
and as one tractor
sewing the soil
with one soft row of denouncement
unlaced…
– mestizo!
– knock! someone flung you to the beasts!
shattered Eduardo
crammed and soaked
and in the grave of his spirit
unlaced…
one gazelle one winged rumour…
ASN
– mestizo!
mestizo! he hailed
however Eduardo solemn
in the grave of his spirit
carved tribes formerly
– the deported slaves –
and as one tractor
sewing the soil
with one soft row of denouncement
unlaced…
– mestizo!
– knock! someone flung you to the beasts!
shattered Eduardo
crammed and soaked
and in the grave of his spirit
unlaced…
one gazelle one winged rumour…
ASN
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