BLA…BLÂ, BLÁ,..blablablablaaaa…BLA !
Segundo o funcionalismo, o manifesto, a expressão individual não é muito mais que o resultado dos mecanismos criadores da forma social, das ferramentas impostas. A paixão é por subtracção, um resultado da acção da sociedade e sua expressão.
Consideremos então, substituir o funcionalismo por, digamos, um dinamismo construtivista, seguido da seguinte forma: a construção da personalidade, identidade do indivíduo, seria não só o resultado da colisão entre as acções exteriores e o núcleo primordial da sua existência, mas também, o resultado da acção das emoções e reacções criadas pelo indivíduo ao que o rodeia.
A força geradora da identidade depositada na sociedade, estaria compreendida também ao individuo, e toda a sua re/acção seria da mesma forma que a outrem, um movimento gerador de identidade. O sistema social seria a possibilidade do movimento de todas as emoções próprias a cada indivíduo. As ferramentas à disposição, seriam adaptações heterogéneas do uso das mesmas, cada pessoa seria o resultado não do crescimento da personalidade inicial mas sim, um metabolismo de sentimentos, emoções e suas acções sobre os espaços habitados.
A unidade existencial fragmenta-se infinitesimalmente. O teorema causa/ consequência, é substituído por causa/causa/causa…….
Como concluir, o que nos unifica como um conjunto activo, identificativo de uma sociedade ou de um grupo social no tempo, talvez seja, não o substantivo do sistema que nos possui mas sim, as emoções que cada um de nós partilha num confronto com o mesmo. A emoção é intenção, em quantidade e união, o sentimento individual transforma-se em sociedade, o contrário ou a aspiração a tal, não é mais que um pseudónimo.
(desculpem lá………ainda não me surgiu um outro contributo mais apropriado a este espaço, o formato esfuma-se um pouco, mas espero fazer-me entender, parcialmente pelo menos)
quarta-feira, março 08, 2006
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
As intersecções das descontinuidades - a falibilidade da comparação
Há um lugar nebuloso, atómico, onde as intersecções das descontinuidades dar-se-ão. Esse lugar não será um lugar e a sua substância não será mais do que a estrutura da ambiguidade, a relação com o intocável. Nesse perímetro de possibilidades, acontece o encontro das leituras. É aí que um mundo microscópico se autonomiza e se revela com muito dificuldade, ou melhor, com a sagacidade da persistência.
Com isto pretendo obter uma imagem do processo de encontro de duas obras ou de duas leituras, entendidas como se fossem várias rectas, como se fossem continuidades que se querem intersectadas. Essas continuidades possuem espaços vazios, descontínuos, e é nesses espaços vazios que ocorre a vizinhança, a adivinhação da proximidade. O lugar que não é lugar, pois trata de tempo e de modo, pode significar não a habitual característica ambivalente da correspondência entre autores – feita de reproduções, de simulacros em diapositivo – mas, antes, a interpretação apreendida nos negativos da matéria. É que não só de visibilidade se faz o comum, nem tão pouco se consegue deduzir com clareza e precisão suficientes esse tal espaço de semelhanças. Daí perder sempre o intuito de objectividade, aquele que tentar sumas aproximações ao evidente.
[a propósito do paralelismo das obras e suas leituras - Rorty e Orwell]
cf. Contingência, Ironia e Solidariedade, Richard Rorty (1989), capítulo 8, essencialmente.
Álvaro Seiça Neves
Há um lugar nebuloso, atómico, onde as intersecções das descontinuidades dar-se-ão. Esse lugar não será um lugar e a sua substância não será mais do que a estrutura da ambiguidade, a relação com o intocável. Nesse perímetro de possibilidades, acontece o encontro das leituras. É aí que um mundo microscópico se autonomiza e se revela com muito dificuldade, ou melhor, com a sagacidade da persistência.
Com isto pretendo obter uma imagem do processo de encontro de duas obras ou de duas leituras, entendidas como se fossem várias rectas, como se fossem continuidades que se querem intersectadas. Essas continuidades possuem espaços vazios, descontínuos, e é nesses espaços vazios que ocorre a vizinhança, a adivinhação da proximidade. O lugar que não é lugar, pois trata de tempo e de modo, pode significar não a habitual característica ambivalente da correspondência entre autores – feita de reproduções, de simulacros em diapositivo – mas, antes, a interpretação apreendida nos negativos da matéria. É que não só de visibilidade se faz o comum, nem tão pouco se consegue deduzir com clareza e precisão suficientes esse tal espaço de semelhanças. Daí perder sempre o intuito de objectividade, aquele que tentar sumas aproximações ao evidente.
[a propósito do paralelismo das obras e suas leituras - Rorty e Orwell]
cf. Contingência, Ironia e Solidariedade, Richard Rorty (1989), capítulo 8, essencialmente.
Álvaro Seiça Neves
sábado, janeiro 21, 2006
http://www.flags.net/JAPA.htm
bandeira
regressou a lisboa depois do estrangeiro lhe ter avivado a beleza da comunidade e lhe ter feito esquecer as queimaduras da pátria. deixou o aeroporto num táxi passando na meia hora seguinte pelo terreiro do paço. ao parar num semáforo teve um esgar que lhe fez deslocar a cabeça para a esquerda. defrontou-se com a bandeira portuguesa e socalcou a memória na esperança de algo encontrar. percebeu naquela fracção de segundos que a bandeira constituía um elemento que nada lhe dizia. nada. não porque o exterior lhe renovara a dimensão do conceito. não porque acumulara devagarinho um sentimento antipatriótico. não. aliás. a bandeira norte-americana também nada lhe comunicava. no fundo. o que o aproximava mais ou menos daquele rectângulo esvoaçante feito de pano era a sua plasticidade. a sua grafia. daí adorar a bandeira do japão. daí adorar a bandeira do canadá.
a bandeira portuguesa era outra história. aquela combinação de padrões soava subitamente estranha. falsa. intensamente nula. lembrou-se então que já antes de abandonar o país sentia por vezes uma total indiferença por este símbolo. olhou para o semáforo e compreendeu o porquê da sua sensação. a monotonia das cores era precisamente a mesma.
e.e.
sábado, janeiro 14, 2006
previsão
viste as sondagens?
não. não ligo a isso.
não viste? com um ano de antecedência já garantem a vitória do jefferson.
ai sim? pois olha. sabes bem que eu não gosto nada de ir atrás dos outros como um cordeirinho. prezo muito o meu sentido de análise intelectual e reflexão política. mas: já agora: quem é que tinha a menor percentagem?
o johnson em coligação com o richardson. apenas 3.1 %!
ai é? pois olha. até te digo: até que já estava inclinada para eles. coitadinhos! 3.1%! onde é que já se viu? assim não se incentiva ninguém. valha-nos deus!
e.e.
viste as sondagens?
não. não ligo a isso.
não viste? com um ano de antecedência já garantem a vitória do jefferson.
ai sim? pois olha. sabes bem que eu não gosto nada de ir atrás dos outros como um cordeirinho. prezo muito o meu sentido de análise intelectual e reflexão política. mas: já agora: quem é que tinha a menor percentagem?
o johnson em coligação com o richardson. apenas 3.1 %!
ai é? pois olha. até te digo: até que já estava inclinada para eles. coitadinhos! 3.1%! onde é que já se viu? assim não se incentiva ninguém. valha-nos deus!
e.e.
quarta-feira, janeiro 04, 2006
sexta-feira, dezembro 09, 2005
[ao thomas]
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
in Livro Sexto, Sophia de Mello Breyner Andresen
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
in Livro Sexto, Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, novembro 16, 2005
uscriptus
tive uma vontade fortíssima de deixar aqui o meu melhor texto. um texto assim crescente. crescente. oportuno. claríssimo e destrutivamente construtivo. um texto sulfúrico que atacasse o tema bem pelas suas fundações e depois lhe agarrasse as vértebras torcendo-as e dando-lhes uma nova configuração.
tinha o texto acabadinho de aprontar.
tive esta vontade fortíssima de deixar aqui o meu melhor texto.
achei melhor promovê-lo a outro estado vivente e em ebulição extrema torná-lo gasoso. era um texto bom demais para deixar à consideração de um espaço tão imenso tão anónimo tão plagiador tão. tão. e tão claramente inerte.
o da vossa leitura.
e.e.
tive uma vontade fortíssima de deixar aqui o meu melhor texto. um texto assim crescente. crescente. oportuno. claríssimo e destrutivamente construtivo. um texto sulfúrico que atacasse o tema bem pelas suas fundações e depois lhe agarrasse as vértebras torcendo-as e dando-lhes uma nova configuração.
tinha o texto acabadinho de aprontar.
tive esta vontade fortíssima de deixar aqui o meu melhor texto.
achei melhor promovê-lo a outro estado vivente e em ebulição extrema torná-lo gasoso. era um texto bom demais para deixar à consideração de um espaço tão imenso tão anónimo tão plagiador tão. tão. e tão claramente inerte.
o da vossa leitura.
e.e.
quarta-feira, outubro 26, 2005
William Kentridge Museu do Chiado
7 Outubro - 31 Dezembro 2005
A exposição de William Kentridge patente no Museu do Chiado em Lisboa coloca ao observador questões interessantes do processo criativo. Instiga-o. Ao filmar e refilmar o desenvolvimento da sua actividade envolvendo desenho e relação com as coisas e os objectos que produzem ou suportam o seu fazer, devolve-nos uma tradição em crescente esquecimento - a narrativa do desenho. Assim, com pequenos filmes bastante elucidatórios, remete-nos para um imaginário muito próprio onde volteiam o significado da imagem e a (des)materialização do desenho. A encenação da matéria é, neste trabalho, uma das peças mais intensas e exploradas. O elemento fantástico contido no seu processo e a trama de uma história evidenciam que o caminho a seguir não tem de ser forçosamente o de uma desumanização da arte e da morte da figuração. Se não, contemplem:
www.museudochiado-ipmuseus.pt/
www.gregkucera.com/kentridge.htm
7 Outubro - 31 Dezembro 2005
A exposição de William Kentridge patente no Museu do Chiado em Lisboa coloca ao observador questões interessantes do processo criativo. Instiga-o. Ao filmar e refilmar o desenvolvimento da sua actividade envolvendo desenho e relação com as coisas e os objectos que produzem ou suportam o seu fazer, devolve-nos uma tradição em crescente esquecimento - a narrativa do desenho. Assim, com pequenos filmes bastante elucidatórios, remete-nos para um imaginário muito próprio onde volteiam o significado da imagem e a (des)materialização do desenho. A encenação da matéria é, neste trabalho, uma das peças mais intensas e exploradas. O elemento fantástico contido no seu processo e a trama de uma história evidenciam que o caminho a seguir não tem de ser forçosamente o de uma desumanização da arte e da morte da figuração. Se não, contemplem:
www.museudochiado-ipmuseus.pt/
www.gregkucera.com/kentridge.htm
quinta-feira, outubro 20, 2005
romantismo
de certa forma a teoria fractal não poderia existir sem os românticos alemães. a origem. a tão perseguida origem. a ideia de todo o discurso ser por sucessão discurso do discurso. de todo o pensamento ser pensamento do pensamento. esta ideia que se quer próxima do núcleo mas que se distancia cada vez mais só nos pode levar a concluir que o pensamento é conscientemente fractal a partir do romantismo. finais do século 18. a reflexão fractal estava assim inaugurada.
e.e.
de certa forma a teoria fractal não poderia existir sem os românticos alemães. a origem. a tão perseguida origem. a ideia de todo o discurso ser por sucessão discurso do discurso. de todo o pensamento ser pensamento do pensamento. esta ideia que se quer próxima do núcleo mas que se distancia cada vez mais só nos pode levar a concluir que o pensamento é conscientemente fractal a partir do romantismo. finais do século 18. a reflexão fractal estava assim inaugurada.
e.e.
segunda-feira, outubro 10, 2005
sugestões
doc lisboa: 15 a 23 outubro 2005 culturgest
www.doclisboa.org
6ª festa do cinema francês: 6 a 16 outubro 2005 instituto franco-português e forum lisboa
www.festadocinemafrances.com/
doc lisboa: 15 a 23 outubro 2005 culturgest
www.doclisboa.org
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